A vinda de Nosso Senhor, em vista
da nossa Redenção, é o acontecimento mais importante da História. Foi aí que
Deus operou suas maiores maravilhas e devolveu ao homem a graça anteriormente
perdida pelo pecado. Por isso, Deus não quis que ela acontecesse de forma
repentina e inusitada. Toda a História Santa do Antigo Testamento, do Gênesis
até São João Batista, são milênios de preparação para o Nascimento do Salvador.
Assim sendo, dada a relevância do
que é comemorado na festa do Natal, a liturgia da Igreja, desde muito cedo,
quis nos preparar para ela. A estrutura e os textos atuais da liturgia do
Advento (quatro Domingos e a Vigília do Natal) já são mais do que milenares.
Eles foram pouco a pouco recebendo esse nome Adventum, que quer dizer chegada ou vinda, por se tratar da
expectativa para a vinda do Messias.
Mas essa vinda do Messias, não se
limita ao Nascimento temporal de Jesus no estábulo de Belém. O Advento é triplo
porque Cristo vem a nós em três tempos e de três maneiras diferentes: “Na
primeira vinda”, diz São Bernardo, “Ele vem na carne e na fraqueza; na segunda,
Ele vem em espírito e poder; na terceira, Ele vem em gloria e majestade; e a
segunda vinda é o meio pelo qual nós passamos da primeira à terceira.”
“Três são as vindas do Senhor, a primeira na carne, a segunda na alma,
a terceira pelo juízo. A primeira aconteceu na noite, segundo as palavras do
Evangelho: À meia noite se escutou um grito:
eis que vem o Esposo! E esta primeira vinda já passou porque Cristo foi
visto na Terra e falou com os homens.
"Nós estamos atualmente na segunda vinda: mas somente se nós estamos
prontos para que Ele possa vir a nós, porque está dito que se nós o amamos, Ele virá até nós e fará em nós
sua morada. Por isso, essa segunda vinda é para nós algo um tanto incerto,
porque quem conhece aquilo que diz
respeito a Deus senão o Espírito de Deus?
"Quanto à terceira vinda, é certo que ela acontecerá, mas muito incerto
quando ela acontecerá: porque não há nada mais certo do que a morte e nada mais
incerto do que o dia da morte.
"A primeira vinda foi humilde e
escondida, a segunda misteriosa e cheia de amor, a terceira será esplendorosa e
terrível. Na sua primeira vinda, Cristo foi julgado pelos homens com injustiça;
na segunda, Ele nos torna justos pela sua graça, na terceira ele julgará todas
as coisas com justiça: Cordeiro na primeira vinda, Leão na última, Amigo cheio
de doçura na segunda.” (Pierre de Blois, De
Adventu, Sermo III)
É nesse espírito que é construída
a liturgia do Advento. Ao longo das quatro semanas, a Igreja nos fala das três
vindas:
Ela pede a vinda do Messias,
unida às suplicas do Povo Eleito, súplica que foi levada em conta por Deus
quando da Encarnação, já conhecendo Ele todas as orações que seriam feitas até
o fim do mundo.
Ela aspira à vinda de Cristo às
almas dos seus filhos, porque de nada serviria a primeira vinda se ela não
fosse aplicada às almas dos fiéis.
Ela reza, enfim, pela volta
definitiva de Nosso Senhor que a livrará das vicissitudes desse mundo e dos
limites do tempo e a coroará para sempre no Céu.
Em tudo isso, a Igreja visa
sempre nos preparar para essas três vindas, sabendo que da graça de Deus
depende o nosso triunfo no dia do Juízo e que foi pela Encarnação que essa
graça veio até nós.
Que nós saibamos aproveitar esse
tempo do Advento, para melhor comemorarmos a primeira vinda, melhor participarmos
da segunda e estarmos prontos para a terceira.
Vinde Senhor Jesus!
Pe José Luiz Zucchi I.B.P
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