quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Cardeal Sarah: "Na liturgia, o silêncio é necessário"


ROMA (ChurchMilitant.com) - O Cardeal Sarah está enfatizando a necessidade do silêncio durante a Missa. Em sua coluna semanal no jornal L'Osservatore Romano, o jornal do Vaticano, o prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos explica o papel e a importância do silêncio na sagrada liturgia.

O Cardeal confrontou o silêncio místico, virtuoso, com o silêncio repreensível, o silêncio da omissão, devido à "covardia, egoísmo e dureza de coração".

O silêncio místico deve prevalecer na Misa como "uma expressão do temor de Deus". A alma que põe em prática o silêncio na liturgia, afirma, é a alma humilde, o tipo que "deseja abrir espaço para os outros, especialmente para o Outro absoluto, Deus".

Por outro lado, a alma que não consegue permanecer em silêncio mostra uma alma cheia de si, que "quer se exibir" ou precisa "preencher o seu vazio interior" com barulho. Deus, aponta o Cardeal Sarah, age no silêncio e dirige-Se à alma em silêncio.

Ele contraria o argumento de que o silêncio é uma postura passiva ou preguiçosa. Pelo contrário, o silêncio funciona e implica ativa purificação da mente de tudo o que leva a alma a se distrair de Deus. O Cardeal nota que a Missa Tradicional emprega momentos de "silêncio absoluto" e que a Forma Ordinária deveria fazer o mesmo.

Embora o documento "Sacrosanctum Conilium", do Concílio Vaticano II, promova a participação ativa dos leigos durante a Missa, também exige que os fiéis por vezes observem um "silêncio reverente". Sarah também cita a Instrução Geral do Missal Romano, Nº 45, que ordena o silêncio em alguns momentos da liturgia.

"Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração. Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios".

Sua Eminência deixa claro que nem discursos nem comentários de leigos devem ter espaço durante a Missa, bem como a Missa não deve se tornar um lugar de entretenimento: "[Nós] devemos evitar transformar a Igreja, que é local de culto, como quer Deus, em casa de entretenimento, onde você vai para aplaudir os artistas conforme a capacidade de comunicação deles"....

Ele cita o livro "O Espírito da Liturgia", do então Cardeal Ratzinger, o qual esclarece o papel do silêncio durante a missa: "Nós estamos nos conscientizando mais e mais claramente de que o silêncio é parte da liturgia. Respondemos cantando e rezando ao Deus que se dirige a nós, mas o grande mistério, que supera todas as palavras, chama-nos ao silêncio. Este deve, é claro, ser um silêncio com conteúdo, não apenas a abstenção de fala e de ação. Devemos esperar que a liturgia nos dê uma paz positiva que nos regenere".

O fim último do silêncio, insiste o Cardeal Sarah, é "deixar que Deus olhe para nós e nos envolva no mistério de Sua majestade e de Seu amor".

Nenhum comentário:

Postar um comentário