segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Obstáculos intelectuais à obtenção da fé


Há um livro do Pe. Leonel Franca, tão esquecido em nossos tempos, e que deve ser estimulada a leitura, chamado “A Psicologia da Fé”. Nesse livro o padre irá discorrer primeiro o que é a fé e assim investigar as causas e razões que fazem o indivíduo se tornar incrédulo e se afastar da fé e da religião.

Aqui vamos partir para a parte II do seu livro e analisar as causas intelectuais que são barreiras para se adquirir a fé.

O Pe. Franca observa que há dois obstáculos intelectuais que matam a fé: a ignorância religiosa e os vícios de  método.

Neste pequeno texto vamos tratar primeiro da ignorância religiosa.

Diz o padre que “o primeiro dos obstáculos intelectuais à conquista da fé, negativo no seu conteúdo, mas nem por isso menos eficaz na sua ação descristianizadora, é incontestavelmente a ignorância religiosa.”[1]

A razão disso é porque “a fé é uma adesão racional a um patrimônio de verdades (...) e envolver nas sombras de um eclipse total os motivos que a fundamentam e as provas que a justificam é tolher à razão a possibilidade de uma adesão justa e esclarecida”.[2]

É de se concluir, portanto, que uma das causas mais fecundas da incredulidade não é nada mais do que simples ignorância das verdades de fé. Como só se ama o que se conhece, o sujeito não tem como amar Nosso Senhor e sua doutrina se não a conhecer.

Esse é o desafio de hoje e desde sempre. Já Tertuliano, nos primeiros séculos da Igreja, pedia aos adversários do cristianismo que não proferissem sentença alguma sem o conhecimento de causa.

Pe. Franca aponta ainda que “quando a luz do cristianismo já se levantara bem no alto do firmamento da civilização ocidental, nunca faltaram, no seio da sociedade batizada, incrédulos que, na ausência de estudos sérios, encontraram sempre a defesa na própria incredulidade" e, citando Pascal, diz: "Julgam ter feito grandes esforços por se instruir porque empregaram poucas horas na leitura de algum livro da Escritura ou interrogaram algum eclesiástico sobre as dificuldades da fé. Depois disto, ufanam-se de haver procurado em vão nos livros e nos homens."[3]

Quer dizer, a pouca leitura, a pouca meditação, o pouco estudo já seriam suficientes para se orgulhar da própria incredulidade e enxergar o problema disso tudo, não em si, mas na mensagem religiosa mal digerida.

Portanto, não basta conhecer pela superfície, é necessário estudo sério, aprofundado e meditado das verdades da fé para que a couraça intelectual esteja bem armada para as pugnas apologéticas e a defesa dos valores cristãos, e, claro, para a santificação da alma



[1] FRANCA. PE. Leonel. A Psicologia da Fé. Livraria Agir, Rio de Janeiro, 1952, 6ª ed, p.59
[2] Ibidem, p. 59
[3] Ibidem, p. 60

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