Padre Daniel Pinheiro
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria...
O Evangelho de hoje é tirado do Capítulo 13 de São Mateus, o
Capítulo das parábolas do reino dos céus, reino dos céus que é a Igreja. Convém
que tratemos um pouco da Igreja fundada por Cristo.
Nosso Senhor não veio para o mundo apenas para agir. Ele veio
também nos ensinar a verdade, ensinar uma doutrina. E Ele quis fundar uma
sociedade que pudesse continuar a sua obra redentora, que pudesse, então,
aplicar, aos homens e até o final dos tempos, as graças que Ele mesmo nos
alcançou na Cruz e que nos transmitisse infalivelmente aquilo que Ele ensinou.
Essa sociedade que prolonga a obra da redenção operada por Cristo é a Igreja
Católica Apostólica Romana.
São três os caminhos ou vias que nos mostram que a Igreja Católica
é a Igreja fundada por Cristo. A primeira via é a via do primado. A segunda, é
a via das notas. A terceira, é a via da excelência. Vejamos brevemente essas
três vias, esses três caminhos que nos mostram qual é a verdadeira Igreja de
Cristo. A primeira delas é a via do primado de Pedro, como dissemos. Lendo o
Evangelho podemos ver que Cristo instituiu uma sociedade hierárquica, em que
certos membros têm a prerrogativa de governar, ensinar e santificar os outros
membros. Nosso Senhor diz a eles que tudo o que ligarem na terra será ligado no
céu e que tudo o que desligarem na terra será desligado no céu (Mateus 18,18).
Nosso Senhor lhes dá a ordem de ensinar a todos os povos da terra. Nosso Senhor
lhes dá o poder de perdoar os pecados, de transformar o pão e vinho em seu
Corpo e Sangue, enfim, lhes dá os meios para santificar as almas. Está claro
que Nosso Senhor instituiu uma sociedade hierárquica. Todavia, essa sociedade
hierárquica é monárquica. Existe um chefe à frente dela, que é São Pedro. Nosso
Senhor diz que edificará a sua Igreja sobre São Pedro. É para São Pedro que Nosso
Senhor dá as chaves do reino dos céus, é a São Pedro que Nosso Senhor dá a
ordem de apascentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. Ele dá, então, o primado
de jurisdição a São Pedro. É São Pedro o chefe supremo e universal da Igreja de
Cristo. E como ela deve durar até o final dos tempos, pois é a eterna aliança,
como diz Nosso Senhor, é preciso que são Pedro seja sucedido no primado, é
preciso que São Pedro seja sucedido como chefe da Igreja. É o Papa o sucessor
de São Pedro. Portanto, a Igreja de Cristo é aquela que tem São Pedro e seus
sucessores, os Papas, como chefe. Como dizia Santo Ambrósio: onde está Pedro,
lá está a Igreja de Cristo. Onde está a Igreja de Cristo, lá está Pedro. Para
saber qual é a Igreja de Cristo, basta encontrar o Papa. É a via do primado.
A segunda via para estabelecer qual é a
verdadeira Igreja de Cristo é a via das notas. Nosso Senhor fundou a sua igreja
com quatro propriedades facilmente reconhecíveis, facilmente perceptíveis,
facilmente notáveis. Essas quatro notas da Igreja de Cristo são a unidade, a
santidade, a catolicidade e a apostolicidade. Essas quatro características
devem estar presentes ao mesmo tempo na Igreja fundada por Cristo. E nós
cantamos aos domingos essas quatro notas da Igreja: unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam... Poderíamos
abundar as citações da Sagrada Escritura para provar que Cristo instituiu a sua
Igreja com essas características. Façamos
algo mais breve um pouco.
A Igreja fundada por
Cristo é una. Nosso Senhor reza eficazmente, na Última Ceia para que haja
unidade em sua Igreja, isto é, para que haja unidade de governo, unidade de fé,
e unidade de culto nos sacramentos (sete sacramentos, nem mais nem menos). São
Paulo afirma: uma só fé, um só batismo, um só Deus. Na Igreja Católica, existe
a unidade de governo, todos reconhecendo a autoridade do Papa e dos respectivos
bispos. Existe também a unidade de fé, pois os membros da Igreja devem professar
a mesma fé. Existe a unidade de culto, expressa sobretudo no reconhecimento e
na administração dos mesmos sete sacramentos. A Igreja fundada por Cristo é
santa. Ele nos disse que devemos ser santos como o Pai do céu é santo. E São
Paulo diz que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la…
para prepará-la como uma esposa sem ruga e sem mancha, mas santa e imaculada (Efesios
5, 26). A Igreja Católica é santa na sua doutrina, nos seus sacramentos e em
muitos de seus membros.
A Igreja fundada por
Cristo é também apostólica: foi aos apóstolos e seus sucessores que Nosso Senhor
deu o poder de ligar e desligar. Em particular, foi a São Pedro que foi dado o
poder supremo de ligar e desligar. Nosso Senhor diz aos apóstolos: aquele que
vos ouve, a mim ouve e aquele que vos despreza, a mim despreza. Na Igreja
Católica, o Papa é successor de São Pedro e os Bispos os sucessores dos outros
apóstolos. Realmente, tanto para o Papa quanto para os bispos, se pode traçar
uma linha de sucessão que remonta até os apostólos. Finalmente, a Igreja
fundada por Cristo é católica, isto é, universal: Cristo manda os apóstolos
ensinarem todos os povos e batizá-los. A Igreja católica está espalhada por
toda a terra, e se dirige a todos os povos, buscando trazê-los para si.
Portanto, caros católicos, a Igreja católica, e apenas ela, possui as quatro
notas, as quatro características da Igreja fundada por Cristo.
A todos os outros
cristãos faltará pelo menos uma dessas características. Aos protestantes falta a unidade, dado o
número quase infinito de denominações. A uma única denominação, falta a
catolicidade, isto é a universalidade, pois não está espalhada pelo mundo
inteiro. Falta aos protestantes a santidade, pois a doutrina protestante não
aceitando as boas obras, não favorece a santidade. Como sabemos, para os
protestantes basta a fé, não sendo necessárias as boas obras. Falta para os protestantes
a apostolicidade, pois o protestantismo veio quase 1500 anos depois da morte
dos apostólos, ou seja, não tem nenhum contato com os apostólos. Também os
cismáticos orientais não têm as quatro notas da Igreja fundada por Cristo. Eles
não têm, por exemplo, a catolicidade, pois são igrejas nacionais, restritas a
um país ou a uma nacionalidade. Assim é a igreja russa, a igreja grega, etc. Deesa
forma, se queremos encontrar a Igreja de Cristo, devemos procurar aquela que é
una, santa, católica e apostólica. Nós já a encontramos: é a Igreja Católica
Apostólica Romana. É a via das notas.
A terceira via para
estabelecer qual é a verdadeira Igreja de Cristo é a via que chamamos de
excelência. Essa via está explicada no Concílio Vaticano I, que diz o seguinte:
A Igreja em si mesma, pela sua admirável propagação, exímia santidade e
inesgotável fecundidade em todos os bens, pela sua unidade católica e invicta
estabilidade, é um grave e perpétuo motivo de credibilidade, e um testemunho
irrefragável da sua missão divina. Donde resulta que a mesma Igreja, como um
estandarte que se ergue no meio das nações [Is 11,12], não só convida os
incrédulos a entrarem no seu grêmio, mas também garante a seus filhos que a fé
que professam se baseia em fundamento firmíssimo.”A via da
excelência é aquela que considera a história da Igreja, a sua propagação
extraordinária, a sua fidelidade perfeita à doutrina de Cristo, a sua
estabilidade, permanecendo, ao longo dos séculos, tal como foi instituída por
Cristo.
A Igreja propagou-se
de modo sólido e firme, mas ao mesmo tempo sereno, apesar das brutais perseguições
que sofreu. Em pouco tempo depois da morte de Cristo, a Igreja já estava
espalhada por praticamente todo o mundo conhecido, e espalhou-se não pela força
nem porque agradava às paixões dos homens, mas porque pregava a verdade e
porque ajudada pela onipotência divina. Não foi pela força nem pelas armas que
se propagou. Ao contrário, foi com os mártires que a Igreja foi se difundindo,
com aqueles que morriam para guarder a fé e a moral ensinado pelo Salvador. A
Igreja difundiu-se de maneira oposta ao islamismo, que sempre se difundiu pelo
uso da força, pela crueldade e porque satisfaz às mais baixas paixões do homem.
O islamismo satisfaz à ira pela sua brutalidade intrínseca e satisfaz a
impureza permitindo a poligamia e práticas absurdas contra a pureza. A
propagação da Igreja Católica, a partir dos doze apostólos, de alguns
discípulos e de algumas santas mulheres, apesar de tanta perseguição de toda
parte, é um milagre (moral), e só pode ter ocorrido, então, com a ajuda de Deus
e não por meios puramente humanos. Se Deus ajudou a Igreja a se difundir é
porque ela é a verdadeira religião.
Outro milagre na
Igreja é o fato de ela manter-se fiel, em seus ensinamentos infalíveis, aos
ensinamentos de Cristo nesses quase dois mil anos de história, sem adpatar-se
aos pensamentos da moda de cada tempo, sem adaptar a sua moral, apesar das
grandes pressões para isso em vários momentos de sua existência. Assim, embora
membros da Igreja possam ensinar alguns erros, a Igreja no seu ensinamento
infalível jamais nos ensinará erros. Ela jamais admitirá, por exemplo, o
casamento entre pessoas do mesmo sexo, a dissolubilidade do matrimônio ou a
comunhão para os divorciados recasados. A fidelidade da Igreja e a sua
propagação, apesar de ensinar uma doutrina dogmática fixa e imutável e uma
moral que vai contra as más inclinações das pessoas, é também um milagre. Isso
só pode ocorrer porque Deus assiste a Igreja, ajuda-a com a sua graça.
A Igreja é estável
não só nos seus ensinamentos, mas também na sua constituição hierárquica e
monárquica. Deus a instituiu assim com os Bispos e com o Papa, chefe supremo e
universal da Igreja. Assim ela persevera até hoje e perseverará até o fim dos
tempos. Uma instituição formada por homens tende a mudar com relativa rapidez
ao longo do tempo. A Igreja permaneceu e permanecerá intacta durante todos
esses séculos naquilo que foi instituído por Cristo. A colegialidade ou querer
igualar os Bispos ao Papa jamais triunfará verdadeiramente na Igreja, pois
Cristo não a instituiu assim. Somente uma ajuda extraordinária pode explicar
também essa estabilidade da Igreja em sua constituição.
Está claro, então,
que a história admirável da Igreja, a história de sua propagação, os inúmeros
milagres que ocorrem em seu seio, a sua admirável fidelidade aos ensinamentos
do Senhor, a sua estabilidade ao longo dos séculos mostram a excelência
sobrenatural da Igreja. O fato de a Igreja ter começado como um grão de
mostarda e ter se tornado a maior de todas as hortaliças mostra que nela está o
dedo de Deus. Tudo isso nos mostra que ela só pode ser a Igreja fundada por
Cristo. Basta considerar a Igreja Católica e sua história para chegar à
conclusão de que ela é a verdadeira Igreja de Cristo. É a via da excelência.
Portanto, caros
católicos, temos pelos menos três meios de conhecer facilmente a verdadeira
Igreja de Cristo e de identificá-la claramente com a Igreja Católica Apostólica
Romana. Procuremos ser filhos dignos da Igreja Católica Apostólica Romana,
amando-a profundamente e seguindo aquilo que ela sempre ensinou. Rezemos e
façamos a nossa parte para que o Brasil volte a reconhecer a Igreja Católica
como a verdadeira e para que nosso país volte também a ser um filho fiel da
Igreja. Rezemos não só para que nosso país possa server a Cristo e a sua
Igreja, mas rezemos para que o mundo inteiro o faça, para que possamos evitar o
gravíssimo erro do liberalismo, por um lado, e a barbárie do islamismo do
outro.
Em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo. Amém.
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