domingo, 15 de novembro de 2015

Sermão para o 25 Domingo depois de Pentecostes - Dado em Belém do Pará

Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Ave Maria...

            O Evangelho de hoje é tirado do Capítulo 13 de São Mateus, o Capítulo das parábolas do reino dos céus, reino dos céus que é a Igreja. Convém que tratemos um pouco da Igreja fundada por Cristo.

           Nosso Senhor não veio para o mundo apenas para agir. Ele veio também nos ensinar a verdade, ensinar uma doutrina. E Ele quis fundar uma sociedade que pudesse continuar a sua obra redentora, que pudesse, então, aplicar, aos homens e até o final dos tempos, as graças que Ele mesmo nos alcançou na Cruz e que nos transmitisse infalivelmente aquilo que Ele ensinou. Essa sociedade que prolonga a obra da redenção operada por Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana. 

             São três os caminhos ou vias que nos mostram que a Igreja Católica é a Igreja fundada por Cristo. A primeira via é a via do primado. A segunda, é a via das notas. A terceira, é a via da excelência. Vejamos brevemente essas três vias, esses três caminhos que nos mostram qual é a verdadeira Igreja de Cristo. A primeira delas é a via do primado de Pedro, como dissemos. Lendo o Evangelho podemos ver que Cristo instituiu uma sociedade hierárquica, em que certos membros têm a prerrogativa de governar, ensinar e santificar os outros membros. Nosso Senhor diz a eles que tudo o que ligarem na terra será ligado no céu e que tudo o que desligarem na terra será desligado no céu (Mateus 18,18). Nosso Senhor lhes dá a ordem de ensinar a todos os povos da terra. Nosso Senhor lhes dá o poder de perdoar os pecados, de transformar o pão e vinho em seu Corpo e Sangue, enfim, lhes dá os meios para santificar as almas. Está claro que Nosso Senhor instituiu uma sociedade hierárquica. Todavia, essa sociedade hierárquica é monárquica. Existe um chefe à frente dela, que é São Pedro. Nosso Senhor diz que edificará a sua Igreja sobre São Pedro. É para São Pedro que Nosso Senhor dá as chaves do reino dos céus, é a São Pedro que Nosso Senhor dá a ordem de apascentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. Ele dá, então, o primado de jurisdição a São Pedro. É São Pedro o chefe supremo e universal da Igreja de Cristo. E como ela deve durar até o final dos tempos, pois é a eterna aliança, como diz Nosso Senhor, é preciso que são Pedro seja sucedido no primado, é preciso que São Pedro seja sucedido como chefe da Igreja. É o Papa o sucessor de São Pedro. Portanto, a Igreja de Cristo é aquela que tem São Pedro e seus sucessores, os Papas, como chefe. Como dizia Santo Ambrósio: onde está Pedro, lá está a Igreja de Cristo. Onde está a Igreja de Cristo, lá está Pedro. Para saber qual é a Igreja de Cristo, basta encontrar o Papa. É a via do primado.

A segunda via para estabelecer qual é a verdadeira Igreja de Cristo é a via das notas. Nosso Senhor fundou a sua igreja com quatro propriedades facilmente reconhecíveis, facilmente perceptíveis, facilmente notáveis. Essas quatro notas da Igreja de Cristo são a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade. Essas quatro características devem estar presentes ao mesmo tempo na Igreja fundada por Cristo. E nós cantamos aos domingos essas quatro notas da Igreja: unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam... Poderíamos abundar as citações da Sagrada Escritura para provar que Cristo instituiu a sua Igreja com essas características. Façamos algo mais breve um pouco.
A Igreja fundada por Cristo é una. Nosso Senhor reza eficazmente, na Última Ceia para que haja unidade em sua Igreja, isto é, para que haja unidade de governo, unidade de fé, e unidade de culto nos sacramentos (sete sacramentos, nem mais nem menos). São Paulo afirma: uma só fé, um só batismo, um só Deus. Na Igreja Católica, existe a unidade de governo, todos reconhecendo a autoridade do Papa e dos respectivos bispos. Existe também a unidade de fé, pois os membros da Igreja devem professar a mesma fé. Existe a unidade de culto, expressa sobretudo no reconhecimento e na administração dos mesmos sete sacramentos. A Igreja fundada por Cristo é santa. Ele nos disse que devemos ser santos como o Pai do céu é santo. E São Paulo diz que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la… para prepará-la como uma esposa sem ruga e sem mancha, mas santa e imaculada (Efesios 5, 26). A Igreja Católica é santa na sua doutrina, nos seus sacramentos e em muitos de seus membros.
A Igreja fundada por Cristo é também apostólica: foi aos apóstolos e seus sucessores que Nosso Senhor deu o poder de ligar e desligar. Em particular, foi a São Pedro que foi dado o poder supremo de ligar e desligar. Nosso Senhor diz aos apóstolos: aquele que vos ouve, a mim ouve e aquele que vos despreza, a mim despreza. Na Igreja Católica, o Papa é successor de São Pedro e os Bispos os sucessores dos outros apóstolos. Realmente, tanto para o Papa quanto para os bispos, se pode traçar uma linha de sucessão que remonta até os apostólos. Finalmente, a Igreja fundada por Cristo é católica, isto é, universal: Cristo manda os apóstolos ensinarem todos os povos e batizá-los. A Igreja católica está espalhada por toda a terra, e se dirige a todos os povos, buscando trazê-los para si. Portanto, caros católicos, a Igreja católica, e apenas ela, possui as quatro notas, as quatro características da Igreja fundada por Cristo.
A todos os outros cristãos faltará pelo menos uma dessas características.  Aos protestantes falta a unidade, dado o número quase infinito de denominações. A uma única denominação, falta a catolicidade, isto é a universalidade, pois não está espalhada pelo mundo inteiro. Falta aos protestantes a santidade, pois a doutrina protestante não aceitando as boas obras, não favorece a santidade. Como sabemos, para os protestantes basta a fé, não sendo necessárias as boas obras. Falta para os protestantes a apostolicidade, pois o protestantismo veio quase 1500 anos depois da morte dos apostólos, ou seja, não tem nenhum contato com os apostólos. Também os cismáticos orientais não têm as quatro notas da Igreja fundada por Cristo. Eles não têm, por exemplo, a catolicidade, pois são igrejas nacionais, restritas a um país ou a uma nacionalidade. Assim é a igreja russa, a igreja grega, etc. Deesa forma, se queremos encontrar a Igreja de Cristo, devemos procurar aquela que é una, santa, católica e apostólica. Nós já a encontramos: é a Igreja Católica Apostólica Romana. É a via das notas.
A terceira via para estabelecer qual é a verdadeira Igreja de Cristo é a via que chamamos de excelência. Essa via está explicada no Concílio Vaticano I, que diz o seguinte: A Igreja em si mesma, pela sua admirável propagação, exímia santidade e inesgotável fecundidade em todos os bens, pela sua unidade católica e invicta estabilidade, é um grave e perpétuo motivo de credibilidade, e um testemunho irrefragável da sua missão divina. Donde resulta que a mesma Igreja, como um estandarte que se ergue no meio das nações [Is 11,12], não só convida os incrédulos a entrarem no seu grêmio, mas também garante a seus filhos que a fé que professam se baseia em fundamento firmíssimo.A via da excelência é aquela que considera a história da Igreja, a sua propagação extraordinária, a sua fidelidade perfeita à doutrina de Cristo, a sua estabilidade, permanecendo, ao longo dos séculos, tal como foi instituída por Cristo.
A Igreja propagou-se de modo sólido e firme, mas ao mesmo tempo sereno, apesar das brutais perseguições que sofreu. Em pouco tempo depois da morte de Cristo, a Igreja já estava espalhada por praticamente todo o mundo conhecido, e espalhou-se não pela força nem porque agradava às paixões dos homens, mas porque pregava a verdade e porque ajudada pela onipotência divina. Não foi pela força nem pelas armas que se propagou. Ao contrário, foi com os mártires que a Igreja foi se difundindo, com aqueles que morriam para guarder a fé e a moral ensinado pelo Salvador. A Igreja difundiu-se de maneira oposta ao islamismo, que sempre se difundiu pelo uso da força, pela crueldade e porque satisfaz às mais baixas paixões do homem. O islamismo satisfaz à ira pela sua brutalidade intrínseca e satisfaz a impureza permitindo a poligamia e práticas absurdas contra a pureza. A propagação da Igreja Católica, a partir dos doze apostólos, de alguns discípulos e de algumas santas mulheres, apesar de tanta perseguição de toda parte, é um milagre (moral), e só pode ter ocorrido, então, com a ajuda de Deus e não por meios puramente humanos. Se Deus ajudou a Igreja a se difundir é porque ela é a verdadeira religião.  
Outro milagre na Igreja é o fato de ela manter-se fiel, em seus ensinamentos infalíveis, aos ensinamentos de Cristo nesses quase dois mil anos de história, sem adpatar-se aos pensamentos da moda de cada tempo, sem adaptar a sua moral, apesar das grandes pressões para isso em vários momentos de sua existência. Assim, embora membros da Igreja possam ensinar alguns erros, a Igreja no seu ensinamento infalível jamais nos ensinará erros. Ela jamais admitirá, por exemplo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a dissolubilidade do matrimônio ou a comunhão para os divorciados recasados. A fidelidade da Igreja e a sua propagação, apesar de ensinar uma doutrina dogmática fixa e imutável e uma moral que vai contra as más inclinações das pessoas, é também um milagre. Isso só pode ocorrer porque Deus assiste a Igreja, ajuda-a com a sua graça.
A Igreja é estável não só nos seus ensinamentos, mas também na sua constituição hierárquica e monárquica. Deus a instituiu assim com os Bispos e com o Papa, chefe supremo e universal da Igreja. Assim ela persevera até hoje e perseverará até o fim dos tempos. Uma instituição formada por homens tende a mudar com relativa rapidez ao longo do tempo. A Igreja permaneceu e permanecerá intacta durante todos esses séculos naquilo que foi instituído por Cristo. A colegialidade ou querer igualar os Bispos ao Papa jamais triunfará verdadeiramente na Igreja, pois Cristo não a instituiu assim. Somente uma ajuda extraordinária pode explicar também essa estabilidade da Igreja em sua constituição.
Está claro, então, que a história admirável da Igreja, a história de sua propagação, os inúmeros milagres que ocorrem em seu seio, a sua admirável fidelidade aos ensinamentos do Senhor, a sua estabilidade ao longo dos séculos mostram a excelência sobrenatural da Igreja. O fato de a Igreja ter começado como um grão de mostarda e ter se tornado a maior de todas as hortaliças mostra que nela está o dedo de Deus. Tudo isso nos mostra que ela só pode ser a Igreja fundada por Cristo. Basta considerar a Igreja Católica e sua história para chegar à conclusão de que ela é a verdadeira Igreja de Cristo. É a via da excelência.
Portanto, caros católicos, temos pelos menos três meios de conhecer facilmente a verdadeira Igreja de Cristo e de identificá-la claramente com a Igreja Católica Apostólica Romana. Procuremos ser filhos dignos da Igreja Católica Apostólica Romana, amando-a profundamente e seguindo aquilo que ela sempre ensinou. Rezemos e façamos a nossa parte para que o Brasil volte a reconhecer a Igreja Católica como a verdadeira e para que nosso país volte também a ser um filho fiel da Igreja. Rezemos não só para que nosso país possa server a Cristo e a sua Igreja, mas rezemos para que o mundo inteiro o faça, para que possamos evitar o gravíssimo erro do liberalismo, por um lado, e a barbárie do islamismo do outro.
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.    


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