Por Andrea Gagliarducci.
VATICANO, 18 Jun. 15 / 02:00 pm (ACI/EWTN Noticias).- “Apesar de várias pessoas presumirem ter dado suas ‘contribuições’ à redação da nova encíclica do Papa Francisco ‘Laudato Si’’, o texto final não pode ser atribuído a nenhum destes ‘conselheiros ocultos’, porque o documento é baseado no Magistério da Igreja”. Assim indicou Dom Mario Toso, Bispo de Faenza-Modigliana e anteriormente Secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz durante cinco anos, até janeiro de 2015, quando foi eleito pelo Papa Francisco para encabeçar esta diocese localizada no norte da Itália.
“Não há dúvida de que houve muitas contribuições, muitas sugestões foram submetidas ao Papa para a redação da encíclica”, declarou o Bispo em entrevista ao Grupo ACI.
Dom Toso afirmou também: “Qualquer contribuição individual, caso tenha sido aceita, incorporou-se dentro de uma estrutura que em si não está apoiada nestas contribuições, a não ser na continuidade com o magistério prévio”.
Depois dos primeiros rumores sobre os conteúdos da encíclica, o polêmico teólogo brasileiro Leonardo Boff – conhecido promotor da teologia marxista da libertação e autodenominado “ecoteólogo” – disse que tinha dado seus aportes na redação da encíclica.
Em entrevista à Deutsche Welle, Boff afirma ainda que foi o pensamento teológico latino-americano que deu forma ao documento pontifício: "O texto e o tom da encíclica são típicos do papa Francisco e da cultura ecológica que acumulou. Mas me dou conta de que também muitas expressões e modos de falar remetem ao que vem sendo pensado e escrito principalmente na América Latina. (...). A estrutura da encíclica obedece ao ritual metodológico usado por nossas igrejas e pela reflexão teológica ligada à prática de libertação, agora assumida e consagrada pelo papa: ver, julgar, agir e celebrar.
Boff chegou a afirmar em entrevista à Agência italiana ANSA e ao canal TV Brasil que teria enviado material de sua autoria para o Papa, a pedido do Pontífice, para a redação da recém-publicada Encíclica. Entretanto, o nome do brasileiro não é citado nas notas de pé de página do documento, nem foram mencionados seus escritos na conferência do lançamento da Laudato Sí que expôs a metodologia e a temática do carta. O mesmo ocorre com outros nomes mencionados como supostos co-autores como o de Frei Betto e Dom Pedro Casaldáliga, confirmando Bento XVI e João Paulo II entre os teológos mais citados.
Entre outras supostas contribuições, está a do ex-governador do estado do Colorado (Estados Unidos), Bill Ritter, que agora é membro do conselho de ‘Energy Foundation’, uma das maiores empresas de energia sustentável. Em declarações ao jornal ‘The Colorado Statesman’, no dia 12 de junho, Ritter explicou que “passou um tempo em Roma reunido com a equipe de ideias do Vaticano e que escreveu o rascunho da nova encíclica do Santo Padre”.
A “equipe” a qual Ritter se referiu, provavelmente, era uma das reuniões informais organizadas pela Pontifícia Academia das Ciências. Enquanto essas reuniões serviram para reunir várias sugestões para a encíclica, também houve muitas empresas que, procurando a aprovação papal, enviaram material ao Vaticano sobre como proteger o meio ambiente.
Ante esta situação, Dom Toso insistiu: “A estrutura básica da encíclica é baseada na continuidade dos ensinamentos sociais da Igreja Católica e nos esforços de pessoas dentro do Vaticano, possivelmente mais discretas e reservadas, que conhecem muito bem os ensinamentos sociais da Igreja”.
“Somente eles podem falar sobre questões ecológicas, a partir de um ponto de vista teológico, antropológico e ético”, sustentou o Bispo.
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